quinta-feira, 21 de novembro de 2013

365

Há algum tempo essa postagem seria mais feliz. Cheia de caretinhas alegres e o sempre bom humor das minhas mais sinceras demostrações de afeto. Quatro ponto oito, completaríamos. Um ano completamos. Separados.
A fratura exposta que jurava ter se fechado, volta a latejar, arrancando lentamente lágrimas doloridas.
Minhas roupas já são diferentes, mas a bagunça no armário é a mesma.
As bandas mudaram, mas algumas permaneceram me fazendo querer jogar o celular pela janela do ônibus ao ouvir as primeiras notas.
O cabelo é o mesmo dos quinze, antes de você chegar - quando você já não gostava, de acordo com fontes seguras. De acordo com você mesmo. Acho até engraçado ouvir um elogio à franja quando acompanhada de um rabo de cavalo no topo da cabeça, mesmo que o tempo tenha passado.
O dinheiro vai quase todo na noite. Quando danço e bebo e fumo e me entrego e me estrago e me estranho e vomito no dia seguinte. Vomito de dor, por não me reconhecer mais. Vomito em pensamento. Não preciso nem mais da escova de dentes.
Sofro pensando em como a contagem do tempo mudou. Há um tempo não recebo um depoimento cheio de carinho acompanhado de números que buscavam a eternidade. Quando vou deixar de me culpar?
Achei que voltariam, mas os desenhos deixaram de existir em definitivo. Nem as palavras saem mais como deviam. Nem dormir mais, nem estudar. Só queria ir pra longe. Bem longe. Cada vez mais longe.
Me entristece ver que em um ano não estivemos separados de verdade por mais de um mês. Esse maldito magnetismo que insiste em unir nossos corpos, no mesmo suor, no mesmo ritmo. Esse vazio que fica quando não espero mais o elevador se fechar totalmente, nem o carro subir a Tupi até virar na Belo Horizonte.
Você me lê ainda? Há tempos venho dando sinais de total falta de equilíbrio para que sua atenção se volte pra mim. Eu grito, em desespero. Grito em novos cortes de cabelo, grito em fotos bêbadas, grito no esmalte preto descascando nas unhas dos pés.

E assim vou me perdendo, e me encontrando, e te perdendo e implorando e querendo e evitando.

Um ano sem você.
Um ano sem nós.
Um ano sem planos.
Um ano de falsas esperanças.

"Pra onde eu devo ir?"