Após uma dolorosa espera, consigo, enfim, organizar as coisas aqui dentro: sobras e restos do passado são jogados longe, para que se percam ao voltar pra casa e atormentem a outros (por quê não a outra face da moeda?). Pensamentos que nunca me possuíram têm passe livre para partirem, e o maldito protagonista não passa de figurante.
Já escolhi meu melhor vestido, separei com cautela para que tudo me favorecesse. Cá estou! E daqui vejo tudo mais limpo, daqui eu vejo e sou vista. Trilhas sonoras tenho até o dia clarear. Algo me diz que terei bons convidados.
Quem sabe em meio a tantos, um deles não me tire pela mão e deslize comigo pelo salão? Consigo sentir sua mão fria passeando por mim e a sintonia com que dirigimos nossos passos como se tivéssemos ensaiado... Como se ele estivesse sempre aqui, sob meu olhar distraído...