Nessa altura da vida é fácil concluir que você fez escolhas erradas. Sim, fiz escolhas erradas. Escolhi as pessoas erradas, bebi as bebidas erradas, frequentei igrejas erradas, conheci lugares errados, falei e fiz as coisas erradas, prometi coisas erradas.
Quando não se há muito o que prometer, promete-se coisas impossíveis de serem cumpridas. De que adiantou, para mim, prometer que mudaria? De que me adiantou dizer que seria uma pessoa melhor?
O melhor para mim é o que sou agora? Onde está o pódio com direito a medalhas, troféus e prêmios especiais? Onde está meu sorriso?
Ao me dar conta dos poucos anos de vida que vivi e dos tantos anos que cresci, me deparo com um poço de porres, ressacas e pequenas decepções. Onde estão minhas escolhas que pareciam ser as certas?
O mundo parece muito mais assustador agora e tudo que eu jurei não fazer um dia, já foi feito. Crescer é bom. Crescer enlouquecidamente - mesmo que não haja crescimento - é tão fácil e divertido. Não existem muros ou cercas de proteção. Você se depara com um mundo azul, cheio de pessoas boas que só querem o seu 'bem' e que desaparecem com a fumaça. Eu sei de que fumaça falo.
Em quinze anos de vida, posso concluir de que cresci apenas com minhas decepções. Cresci apenas quando descobri que minhas escolhas não foram as melhores. Cresci quando vi, quando descobri. E agora, como uma gigante, só vejo fracasso e pessoas erradas, bares errados, bebidas erradas. Em quinze anos de vida me deparo com órgãos deficientes, respiração escassa e uma dúvida.
Cresci?
Se fizesse aqui um breve relato sobre minha vida, apenas concluiria que, antecipando tudo, perdi de viver. E hoje, o que era pra estar sendo evitado, é indispensável. Um indispensável que atrapalha, prejudica.
Onde se encontra a alegria disso tudo?
Grandes dúvidas, nenhuma resposta...Ao concluir que tudo seria diferente, se tivesse realmente pensado, nada mais brilha em mim. Mísseis de interrogações (malditos!) tornam a pousar e estabelecer residência em mim, em meus pensamentos e idéias. Tão vazio, tão solitária minha pobre mente.
Pessoas que me cuidaram durante esses quinze anos e que realmente estavam presente - e antes não significavam nada - são perdidas ao longo do tempo e toda a confiança depositada em mim se vai...como uma onda em meio a uma tempestade. Agora parece tão simples de ser traduzido em palavras e posto em um simples blog. Acordar todos os dias e se deparar com erros, com cheiros e gostos insuportáveis é a consequência, certo? Certo!
Justo eu que estava acostumada a dizer; "não somos nada além da soma das nossas escolhas!". Agora minhas escolhas, somadas aos erros, são tão insignificantes.
Fiz as escolhas erradas, assumo.
Desculpas e promessas não significam nada. Desculpas e promessas apenas se perderão nesse imenso vazio e se confundirão com as interrogações que agora se fazem tão presentes.
'Que tal concertar tudo?', eu penso. Como se meu prêmio final fosse uma linda construção. Linda? Aonde está a beleza? Chorar agora adianta?
Tantos crimes cometidos contra mim mesma, onde eu estava dividida entre defender-me e acusar-me, sem nenhuma platéia ou um réu que pudesse me julgar. Agora o que transparece é apenas um juíz disposto a me proporcionar as piores penas: conviver com minha consciência, presa a atos impensados, jurada de morte.
Perpétuamente presa às minhas escolhas e seria tão mais fácil contornar isso tudo se as mesmas não significasse tanto agora. Quando se decide crescer sem olhar pra trás, tudo assusta e se transforma em pesadelo.
Ser 'jovem' é isso.
É hora de mudar, não é? Parece tão tarde ao se dar conta dos quinze anos que se passaram. Quando se quer crescer, quer também esquecer responsabilidades. Daria minha vida toda para nascer de novo, infelizmente.
Normalmente se aprende com as quedas. Só me dou conta disso agora, quando percebo, mesmo com os olhos molhados, o quão tarde decidi mudar. Mudar nunca significou tanto na minha vida. Arrependimento sim, assumo. Mas de que adianta?
Se escrevesse um livro sobre minha vida, infelizmente não seria um best-seller. Não estaria em revista alguma como "Indicado da Semana" ou quem sabe "Mais vendidos".
Justo eu que sempre quis fazer tanta diferença.
Acredito em mim, acredito no tempo. Acredito que ainda haja amor e confiança. Amor própria e cautela serão os lemas. E, infelizmente, prometo mudança. Uma mudança necessária. A menos que eu não me preocupe com o que será de mim quando me despertar desse pesadelo que é ser jovem.
Cresci tanto e não cresci absolutamente nada. Como fui injusta comigo mesma...